Do grão à barra: o exemplo da chocolateria Diogo Vaz, laureado da AVPA
- Philippe Juglar
- há 4 dias
- 2 min de leitura
No dia 30 de janeiro de 2025, durante o jornal das 20h da emissora francesa TF1, uma reportagem cativante levou os telespectadores a descobrir a ilha de São Tomé e Príncipe e a história inspiradora da chocolateria Diogo Vaz, premiada diversas vezes pela AVPA nos seus concursos internacionais de chocolates elaborados na origem.
Nesta ilha vulcânica ao largo da costa do Gabão, que já foi o maior produtor mundial de cacau , Jean-Rémi Martin, fundador da Diogo Vaz, decidiu fazer muito mais do que apenas cultivar cacau. Ele optou por transformá-lo localmente, trabalhando em parceria com agricultores da região e valorizando um terroir único. Há mais de oito anos, a chocolateria produz barras de chocolate premium a partir de amêndoas de cacau cultivadas, fermentadas, secas e transformadas ali mesmo, em São Tomé.
Uma aposta ousada num setor que ainda funciona, geralmente, segundo uma lógica desequilibrada: os países do Sul produzem, os países do Norte transformam. Uma realidade que Jean-Rémi Martin questiona com uma comparação marcante:
«É curioso que ninguém ache estranho cultivarmos o cacau na África e fabricarmos o chocolate na Europa. Imaginem fazer isso com o vinho... Cultivar a uva na França e produzir o vinho na África. Seria impensável.»
Essa reflexão está profundamente alinhada com a missão da AVPA (Associação para a Valorização dos Produtos Agrícolas). Através do seu Concurso Internacional de Chocolates Elaborados na Origem, a associação promove produtos agrícolas transformados no seu país de origem, destacando o saber-fazer local, a riqueza dos terroirs e a excelência artesanal. O objetivo é claro: reconhecer, apoiar e promover aqueles que, como Jean-Rémi Martin e sua equipe, estão a construir um modelo agrícola mais justo, mais autónomo e com maior valor agregado local.
Apesar dos desafios técnicos (cortes de energia, dificuldades logísticas, acesso limitado à formação), a chocolateria Diogo Vaz conseguiu desenvolver um sistema resiliente e exemplar. O mestre chocolateiro Jérémie Saillard, que lidera a produção no local, explica:
«Trabalhar realmente desde o fruto até a barra final é uma descoberta total. O Jean-Rémi dá-nos carta-branca. Isso permite-nos inovar, experimentar e fazer coisas que ninguém tentou antes.»
Um compromisso que já deu muitos frutos: 13 prêmios conquistados nas últimas edições do concurso AVPA comprovam não só a qualidade excepcional dos chocolates produzidos, mas também a coerência e visão do projeto.
Ao destacar essa chocolateria exemplar, a reportagem reforça a mensagem que a AVPA defende há anos: os produtos de excelência nascem nos países produtores, e a sua transformação local é uma riqueza que deve ser valorizada, não exportada.
Link para a reportagem : Sao Tomé-et-Principe : la mystérieuse île de chocolat | TF1 INFO

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